quinta-feira, 5 de março de 2015

LETRAS

Um livro caiu dentro do poço. O menino debruçou-se ante a abertura para ver o que ia acontecer. Letras despregavam-se das páginas e a água servia de lente de aumento. Um agigantado A brilhou ao olhar do menino. Foi-se desvanecendo o A e surgiu um maiúsculo M. Desintegrou-se o M e apareceu um ostensivo O. O menino já adivinhou um resplandecente R em seguida. E, maravilhado, achou que a escrita aquática ia parar por ali, quando surgiu um tenebroso T. Em seguida, um esquisito E. A água parou de se mover por poucos segundos e já surgiram outro terrífico T e mais um E espectral. Mais uma pausa e veio um B brutal. Logo, desenharam-se um ululante U e um sádico S. Antes que o menino conseguisse completar a frase, formou-se um cabalístico C. O menino levantou-se assustada e bruscamente. Tropeçou numa pedra, caiu e bateu a cabeça contra o poço. No céu, ainda conseguiu ler as nuvens desenhando um afável A.

Nenhum comentário:

Postar um comentário