-No meio do caminho havia uma pedra.
-No meio do caminho havia um pau.
-Pau é pau, pedra é pedra. Mas eu
prefiro misturar.
-É pau, é pedra, é o fim do caminho.
-Não restará pedra sobre pedra. Nem pau
sobre pau.
-Com quantos paus se faz uma canoa?
-Não sei. Melhor fazê-la de pedra.
-Além do pica-pau, existe o pica-pedra?
-Ele quebraria o bico. Não picaria mais
nada.
-Nem pau, nem pedra, nem o fim do
caminho.
-Nem a canoa de pedra.
-Precisamos salvar a canoa de pau!
-Sim! É um perigo uma canoa furada!
-Hoje já fumei duas pedras.
-Mas jamais fumarás paus.
-Imagina uma tora de madeira...
-No baralho tem paus, mas não tem
pedras.
-Precisamos criar um novo naipe
urgentemente.
-Criar um novo baralho. De pau. Ou de pedra.
-Como na idade da pedra.
-Existiu a idade do pau?
-Não sei. Meu pau tem a mesma idade que
eu.
-Só olhas para o próprio umbigo...
-Não. Só olho para o próprio pau.
-Já pensou se ele fosse petrificado?
-Eu ficaria milionário.
-Que nada! Ganharia só uns dez paus.
-Já é o bastante. Compraria pedras
preciosas.
-Trocaria pau por pedra.
-E pedra por pau também.
-Você está me confundindo.
-É porque você não conhece os paus
preciosos.
-Estou rindo por dentro.
-Por quê?
-Imaginando jogar rouba-monte com um
baralho de pedra...
-Qual a graça?
-Imagina carregar aquele peso todo.
-É! Vergonha é roubar e não poder
carregar.
-Por isso não roubo. Nem carrego.
-E eu nem jogo rouba-monte.
-Amanhã vou ao urologista.
-Problemas no pau?
-Não. Pedras no rim.
-Dê lembranças a ele.
-Ao rim?
-Ao médico.
-Tu o conheces?
-Sim. É um cara-de-pau.
-Mas é boa gente.
-Até amanhã.
-Não. Amanhã vou ao médico.
-Então, até depois de amanhã.
-Até lá!
-Olhe por onde anda!
-Claro! Nunca tropeço, seja em pedra,
seja em pau.
-E não te esqueças de levar
guarda-chuva.
-Tentarei lembrar.
-E manda um beijo pra tua tia.
-Será dado.
-Vou pra casa construir uma canoa de
pedra.
-E eu um baralho de pau. Tchau